quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Pássaros reconhecem nível de ameaça a que estão submetidos.


Ao ouvir um passarinho cantando, muitas pessoas podem não diferenciar um de outro.

Os pássaros conhecidos como Mimus polyglottos (primos do sabiá, que imitam sons de insetos e anfíbios), ao contrário, aprendem rapidamente a identificar humanos que possam ameaçá-los.

"Os mimus com certeza não consideram os humanos como seus iguais” relata Doug Levey, autor principal de estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, em 19 de maio.

Quanto tempo os mimus do norte levam para reconhecer determinadas pessoas?

São necessários apenas dois contatos de 30 segundos por alguns dias.

No experimento de Levey, voluntários tocaram em ninhos localizados no campus da University of Florida, uma vez por dia, durante quatro dias.

Após o segundo dia, os pássaros começaram a emitir pios de alerta e a realizar vôos de ataque cada vez mais cedo, chegando até a executar vôos rasantes sobre a cabeça dos intrusos, como no filme “Os Pássaros”, de Alfred Hitchcock.
No quinto dia, no entanto, uma pessoa estranha se aproximou dos ninhos, e a resposta dos pássaros voltou à estaca zero.

Os pesquisadores concluíram que os mimus “aprendem rapidamente a avaliar o nível de ameaça representado por diferentes seres humanos e respondem de acordo com essa avaliação”. Isso pode explicar porque esses pássaros imitadores e alguns outros se adaptaram tão bem a ambientes urbanos.

O comportamento de defesa pode ser arriscado e consumir muita energia, de forma que uma reação exagerada – ou insuficiente – aos transeuntes que passam perto de seus ninhos pode ser uma desvantagem diferenciada num ambiente urbano.

Levey avalia que não há razão para acreditar que os mimus se concentrem somente nos seres humanos. “Esses pássaros e os humanos não convivem um tempo suficiente para isso ocorrer”. Na verdade, o estudo mostra que esses pássaros prestam muita atenção a detalhes. Isso pode surpreender as pessoas que sempre acreditaram que corvos, gralhas e papagaios têm os cérebros mais desenvolvidos entre as aves.
 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Aves sentem Cheiro?

 Podemos usá-los para melhorar a qualidade reprodutiva delas?


Recentemente a revista científica Behavioural Brain Research publicou uma revisão que fala sobre o sentido olfativo das aves e suas implicações na reprodução. Os autores são Jacques Balthazart e Mélanie Taziaux, profissionais da Universidade de Liège na Bélgica e é do trabalho deles que extraímos a maioria das informações desse artigo. Nessa revisão encontramos, por exemplo, que Bang, B. G. publicou em 1960 a primeira evidência anatômica funcional do bulbo olfativo (parte do cérebro) das aves na prestigiosa revista Nature. Esse pioneirismo foi crucial para o início de novas investigações que até os nossos dias tentam demonstrar o papel do olfato na biologia das aves.
Hoje em dia temos a evidência comprovada da existência de sistemas olfativos funcionais em várias espécies de aves e cada uma delas com particularidades incríveis.
As pombas-correio (Columba livia), por exemplo, sabemos que elas são sensíveis a ínfimas variações de odores no ambiente e que possuem um sofisticado sistema de “GPS” cheio de informações olfativas que as orientam em seus longuíssimos vôos de volta para casa.
Temos também os Kiwis, parentes das Emas, o Urubu de Cabeça Vermelha e os Petreis que são aves marinhas. Todos estes são capazes de encontrar sua comida através dos seus olfatos. Os petreis e outras aves de sua mesma ordem taxonômica sabem como encontrar na escuridão da noite o seu ninho dentre os milhares de outros que se avizinham ao seu nas encostas marítimas. Como se orientam? Como podem não pousar em ninho alheio? Resposta: elas buscam sentir o cheiro específico do ninho que construíram. Isso também acontece com as galinhas, que possuem memória olfativa que as ajuda a reconhecer odores familiares.
É sugerido por alguns pesquisadores que através do olfato o passeriforme europeu Blue Tit (Cyanistes caeruleus l.) seja capaz de perceber a presença de predadores em determinada área e assim fazer a melhor escolha para um lugar seguro onde ter seus filhotes.

Através de testes que medem o limite da capacidade olfativa foi possível saber, pelo menos em cinco espécies de nossos amigos passeriformes, que suas habilidades em perceber odores é semelhante àqueles encontrados para ratos e coelhos. Os pesquisadores que conduziram os testes de capacidade realizaram também um experimento que foi capaz de provar que os pássaros possuem senso olfativo desenvolvido e funcional.  Neste procedimento, um pássaro teve dois eletrodos implantados em seu corpo para aferir-se sua freqüência cardíaca e outros dois para que ela pudesse receber estímulos elétricos controlados. A gaiola estava equipada com um aparato capaz de expor a ave a estímulo olfativo (um perfume). Os estímulos elétrico e olfativo eram liberados em um mesmo momento. O estímulo elétrico sabidamente provoca um aumento da freqüência cardíaca da ave. Esse procedimento foi repetido muitas vezes de forma que a ave passou a associar o estímulo elétrico ao perfume. A prova definitiva seria se a freqüência cardíaca da ave aumentasse por um simples estímulo olfativo, sem a ocorrência do estímulo elétrico. Assim se fez, e assim se deu. Bastava que fosse liberado o odor para que o coração da ave batesse mais rápido. Provado! Ela sente cheiro sim, e mais, esse cheiro pôde interferir diretamente na fisiologia da ave.

Pois bem, e quanto ao comportamento reprodutivo das aves? O sentido do olfato está relacionado a ele? Quanto ele interfere nesse comportamento? Podemos usar esse conhecimento para algum dia poder melhorar o manejo reprodutivo de nossa criação? Conhecer alguns exemplos sobre isso certamente nos farão pensar. Vejamos adiante:
·        Pesquisadores impregnaram as penas de filhotes de pombo-de-colar com o odor artificial de maçã ou de frutas cítricas. Até então os seus pais os alimentavam regularmente. Porém, após a aplicação do odor, progressivamente, eles foram sendo abandonados.
·        Em outro experimento patos que tiveram seus nervos olfativos seccionados e por isso não podiam sentir cheiro perderam totalmente a capacidade de fazer sua dança, movimentos, sons e outras demonstração (displays) a machos concorrentes ou às fêmeas pretendentes. Os machos não mais montavam, copulavam ou agarravam as penas do pescoço das fêmeas como normalmente deveria ocorrer.
·        Descobriu-se que fêmeas de patos impregnadas artificialmente com odores frugais são preferidas pelos machos àquelas impregnadas por odores acres.
·        Auks (Aethia psittacula) que vivem nas águas geladas do hemisfério norte produzem naturalmente um odor de tangerina que impregna suas penas. A escolha de seus parceiros é dependente das características desse odor.

Os cientistas acham prematuro que possamos dizer que esses e outros odores descobertos em aves possam ser classificados como feromônios (produção química dos insetos que intermedeiam suas relações sociais). Porém, eles estão entusiasmados por seguir seus estudos adiante a fim de entenderem completamente o papel desses odores e do sistema sensorial olfativo nas aves.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Utilidade do Bico do Tucano

Há alguns séculos os cientistas levantam hipóteses sobre a utilidade do grande bico dos tucanos.
Finalmente o enigma pode estar resolvido: o bico funciona como um eficiente radiador, que controla o calor do corpo do animal conforme suas necessidades.
A descoberta foi realizada por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Brock, no Canadá, em estudo publicado na revista Science.

Segundo  Denis Andrade, do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências de Rio Claro (SP), da Unesp Andrade, o tucano utiliza o bico para regular a quantidade de calor trocada com o ambiente. Essa função, no entanto, nunca havia sido proposta até agora.

“Em uma situação de frio, o tucano pode diminuir o fluxo sanguíneo para o bico e conservar o calor no corpo. Em uma situação de calor, o fluxo é aumentado e o bico fica mais quente, facilitando a perda de calor do corpo do animal para o ambiente”.
De acordo com o professor da Unesp, o experimento realizado foi relativamente simples. “Os animais foram colocados em uma câmara climática cuja temperatura pode ser manipulada. Para monitorar a variação de temperatura, usamos uma câmera de infravermelho, que permite detectar a temperatura superficial do objeto em seu interior, fornecendo uma imagem térmica com riqueza de detalhes muito grande”, disse Andrade.
No estudo, os pesquisadores observaram que a temperatura da superfície do bico mudava rapidamente conforme o ambiente esquentava ou esfriava. Durante o pôr-do-sol, enquanto os pássaros preparavam-se para dormir, os bicos esfriavam cerca de 10 °C em questão de minutos.

O bico do tucano, segundo o estudo, tem características singulares no mundo animal, formando cerca de um terço do comprimento total do corpo do pássaro. É o bico mais comprido em relação ao tamanho do corpo entre todas as aves existentes. Diversas hipóteses sobre a utilização do bico já haviam sido levantadas, como o uso para atrair companheiros ou para comer determinadas frutas.
“O bico tem todas as características de uma janela térmica, como a grande superfície, a boa vascularização e a ausência de isolamento térmico. É até surpreendente que ninguém tenha levantado antes essa hipótese”, disse Andrade. Outros exemplos de janelas térmicas, segundo ele, são as barrigas de cães e as orelhas de elefantes e lebres.
De acordo com Andrade, especula-se que outros pássaros também poderiam utilizar o bico para a regulagem da temperatura corporal. “Há evidências de que três espécies de patos e marrecos utilizem o bico para regular o calor. Mas o tamanho do bico do tucano faz com que esse procedimento seja muito eficiente para ele”, disse.
Segundo o pesquisador, os pássaros não suam. Como os cães, eles ofegam quando a temperatura aumenta demais. “Quando a temperatura sobe, o tucano começa a jogar o calor fora pelo bico. Se aumentar acima de certo ponto, ele abre o bico e começa a ofegar”, explicou.

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